Se fosse para fazer algo que nunca fiz ou escolher uma idade para voltar, acho que seria a infância, por experiências que me fazem ainda hoje ser menina. Hoje, já uma mulher, percebo que ainda me falta algo, como aquele namoradinho da adolescência ou aquela amiga – que toda menina tem – que apoia, coisa que eu não consegui ter. Talvez a minha memória tenha tido momentos bons, algo escapou e, na época, talvez pelas dificuldades, não percebia. Hoje sinto falta do que não tive e me pergunto e se… se algum parêntese, como esses que citei, tivesse sido diferente, talvez eu não sentisse
desejos. A falta de algo não me faz menos mulher, mas me faz sentir que nunca vou poder realizar sonhos a curto e longo prazo. Me sinto triste por não poder ter sido mais exigente em muitas escolhas da vida. A vida muda, a história se bagunça, as lembranças ficam.
Mas, em algum momento, encontramos a peça que falta, sabe? Fico pensando o quanto a minha história é linda, acho que quero lembranças para deixar para os que virão e uma linda bagagem para contar a minha história pelas calçadas desta cidade, viralizar.
Eu não sei o que quero, só sei que desejo minha cama quente, a Maria, correndo pela casa e o Amadeu nos meus braços; e, no final do dia, uma uma taça de vinho…
Quero poder ter a minha família, quero explorar tudo que há de bom, mas logo percebo que é um sonho, igual ao de ter tido um namoradinho na adolescência ou uma amiga para rir e chorar junto. Talvez seja sexo que esteja faltando ou uma boa conversa ou vai ver até isso tiraram de mim, algumas oportunidades que só vejo em sonhos mesmo.